domingo, 1 de novembro de 2020

Ser eu...


Eu não consigo ser sempre eu.
Eu não consigo ser quem eu sinto, nem quem sou.
Serei eu apenas assim, um desenho
de várias formas, ilustrado de várias cores?
Um Ser sonhador ou lunático na procura de mim...
Um Ser responsável pelos seus atos, culpabilizando pela sua existência...
Sou humano mesmo quando me deparo com o precipício,
sou o mesmo desde o início do caminho e não tinha consciência disso.
Sou de outro sítio e não o vejo...
Tenho certeza disso e não entendo...
Vagueio pelo espaço aberto e sinto os arranhões que me ferem.
Passo pelo deserto não sinto sede nem deixo minhas pegadas na areia.
Que bom é sentir tudo isso e não ficar com tatuagens na pele, desse rio que corre na corrente da mesma dor.
Continuo à espera de mim, meu corpo está vazio e cheio de sede.
Não és meu alimento, mas neste momento és o tratamento que necessito, o abraço que me cura, a voz que me levanta, a mão que me segura. 
Quantas vezes não sou eu aqui, apenas o meu reflexo brilha em ti, mas não o sinto dentro de mim. Às vezes desejo que vás embora, para de alguma forma me curar por inteiro e me libertar deste medo que me prende nesta infinita espera, onde mantenho em segredo o olhar entristecido que guardo através da minha janela.
Gratidão pela vida que me deste, eu ainda não sei cuidar dela, mas em breve talvez seja capaz de renascer num novo Ser e vir respirar a esta mesma janela, o alivio dessa dor que  que neste momento te observo dentro dela.
 
Abracem e amem mais...
 
Fernando Teixeira